A MOSCA

A mosca atravessa o vidro.

O vidro ilustra a tela.

A tela se expande diante

da humanidade.

Beijo os escorpiões

como se faces de crianças.

Beijo as mãos do morto

enquanto flana a mosca.

Há muito pouco tempo.

Há tudo de nada em mim.

A mosca.

O morto.

A paisagem aquela.

Rogério Deodato Mancini

vomita na porta do quarto.

Na sala, Frank Fields conta

mais uma de suas mentiras.

Vivian Rolando ri

da voz de Wanda Maia,

que tenta cantar.

O morto sou eu:

sobre a mesa, nu.

Beto Carrasco
Enviado por Beto Carrasco em 03/04/2007
Código do texto: T436412