Onze Meias-Noites - Sétima Meia-Noite

Sétima Meia-Noite

03 de março de 2006

00:07h

Melindres obscuros ressoam

No túmulo generoso d’alma

Que anima o corpo do mundo

Das poucas estradas

De poucas paradas.

Meus sapatos na estrada

Que chamo com ardor

De Estrada Do Desespero

Foram queimados pelo fogo

Do desterro que o último

Caso de desprezo

Atingiu-me com apreço.

Baudelaire cruza comigo

A Estrada Dos Males

Que passa entre os vales

Que cruzam os vales

Do Vale Dos Poetas Perdidos.

Ao nosso lado a desgraça,

A Deusa Desgraça,

Companheira de todo perdido.

Meia-Noite,

Sétima Meia-Noite,

Nasço em uma Meia-Noite!

A Deusa Desgraça

Ama a um Deus

Que se chama Graça.

O Deus Graça

Ama a uma Deusa

Que serena despreza

A sua Graça.

A Deusa amada pelo Deus

É uma Deusa de nome

Escrito com todos

Os delírios nascidos

Das lágrimas.

A Deusa desprezando

O Deus Graça

É A Graça De Deus.

Graça De Deus,

Graça de qual Deus?

Graça do Deus

Que morre na latrina

Do Vale Dos Deuses Caídos?

Graça do Deus

Que vomita na esquina

Do Vale Dos Bares Quebradiços?

Graça do Deus

Que está aleijado

No Vale Das Enfermidades Amáveis?

Graça do Deus

Que está vendido

No Vale Dos Preços Impossíveis?

Graça,

Graça,

Que

É

A

Graça

Desprezada

Pela

Deusa

Desgraça?

Amigo Baudelaire,

Amigo aqui agora

Em meu lar

No Vale Dos Não-Poetas Cadavéricos,

Busco saber em todo Vale

O que será um Vale

Possuindo um Deus de vala

Que possa ser um Vale...

Amigo Baudelaire,

Amigo aqui agora

Segurando uma rosa negra

Que oferece ao meu

Obscuro desespero

As trevas do Vale Da Rosa Imortal,

Nos tempos deste hoje

Que é um hoje

De poesia quase caída

Em túmulos vazios

Eu me pergunto

Se não é

A

Deusa

Desgraça

Aquilo que o humano ser

Que

É

Meu

Ser

Sempre viu nascer

Nas mortes de todas

As alvoradas...

Nas mortes das alvoradas,

Meia-Noite...

Nas mortes de

Todas as alvoradas,

Meia-Noite!

Nas

Mortes,

Meia-Noite?

Nas

Mortes,

Meia-Noite.

Amigo Baudelaire,

Quando a Meia-Noite

Anuncia o reencarnar

Da alvorada dos

Sonhos de todos

No Vale Dos Poetas Perdidos

Até aquele cantar

De Byron

Faz o sol dos nossos pesadelos

Tornar-se a lua

Da nossa redenção.

Jogai em mim

A flor que tu tens

Em vossas mãos

Amigo

Baudelaire

Façamos através

De minhas mãos

Empunhando

Esta

Nova

Pena

Um pedido silencioso

À

Meia-Noite

Para que possamos

Reencarnarmos

Nas

Mortes

De

Todas

As

Vindouras

Alvoradas!

Façamos

Desta

Flor

Do

Mal

Cultivada

Pelas

Nossas

Dores

Baudelaire

Uma

Flor

Das

Mortes

Das

Alvoradas

Que

Possam

Fazer

O

Bem

Em

Nossos

Jardins

Florescerem!

Façamos

Baudelaire

Uma

Oração

Em

Nossas

Mortes

Para

A

Deusa

Meia-Noite

Que

Vela

Pelos

Nossos

Túmulos

Diante

Do

Deus

Meio-Dia

E

Da

Deusa

Madrugada!

Oração

Baudelaire

À

Nossa

Deusa

Meia-Noite!

Oração

Baudelaire

À

Nossa

Deusa

Mãe

Meia-Noite!

Oração

Baudelaire

À

Nossa

Deusa

Criadora

Meia-Noite!

Oração

Baudelaire!

Oração

Baudelaire

Para

O

Orar

Da

Meia-Noite

Em

Nosso

Altar

De

Dores

De

Poetas

Perdidos!

Oração

Baudelaire...

Oração

Baudelaire

Para

O

Florescer

Da

Flor

Da

Meia-Noite

Em

Nossa

Flor

Do

Nosso

Mal

Em

Oração!

Oração

Baudelaire.

Oração

Baudelaire

Para

O

Coração

Da

Meia-Noite

Ocultar

Todas

As

Noites

De

Nossas

Almas

Perdidas

Anoitecidas

Em

Nossas

Meias-Noites

Cultivantes

De

Flores

Apunhalantes

Dos

Nossos

Corações

Destroçados!

Oração

Baudelaire...

Alvoradas!

Oração

Baudelaire...

Alvoradas!

Oração

Baudelaire...

Alvoradas!

Oração

Baudelaire?

Alvoradas?

Alvoradas!

Alvoradas.

Alvoradas...

A Alvorada De Osbolos

Levando de meu lar

Meu amigo Baudelaire

Já na chegada

Da Madrugada

É a flor brotando

Nos Vales Ocultos

Da Meia-Noite

Nos quais até

A Deusa Escuridão

Encontra o temor

De não conseguir ver

A sua Luz

Em sua Escuridão.

A flor que Baudelaire

Trouxe até aqui

Meu lar

Minha morada

Permanece do Mal

Do Mal brotando

Do Mal de muito brotar

Infértil como

O sêmen morto

Da minha morte

No sexo imaginário

Que sempre fiz

Com as não-poetisas cadavéricas

Deste Vale aqui

Desértico imperial.

Alvoradas em Ti

Meia-Noite

São os beijos

Que o frio abençoado

Da Deusa Morte

Dá em meu rosto agora

Alentando-me

Acariciando-me

Amando-me

Viciando-me

Em

Toda

Morte

Minha

Querendo

Servir

De

Ponte

Fonte

Poder

Para

Qualquer

Uma

Alvorada.

A flor aqui que ficou

Foi abençoada

Por todos os

Vossos

Filhos

Poetas

Perdidos

Do

Vale

Dos

Poetas

Perdidos

Meia-Noite.

Beijo a flor...

Beijo a Deusa Morte...

Beijo a Madrugada...

Beijam-me todos os poetas...

Beijam-me todas as poetisas...

Beijo-Te Meia-Noite...

Beijam-me todos os mortos...

Beijam-me todos os Vales...

Beijo todos os mortos

Que não morreram

Que vivem

Nas Alvoradas

Da Vida Encontrada

Após a passagem

Do

Libertador

Umbral

Que

É

Cria

Da

Luz Da Escuridão

E

Da

Escuridão Da Luz

Para

Os

Olhos

Daqueles

Que

Sabem

Ver

Dias

Em

Meias-Noites

Manhãs

Em

Madrugadas

Noites

Em

Meios-Dias.

Beijo todos os poetas...

Beijo todas as poetisas...

Beijo a Poesia,

A Deusa Poesia

Que é uma

Alvorada para o

Poetizar

Na

Alvorada

Na

Meia-Noite

Na

Madrugada

Toda

Toda

Toda

Doída

Doída

Doída

Alvorada

Alvorada

Alvorada...

Não beijo os não-poetas cadavéricos.

Não beijo as não-poetisas cadavéricas.

Os não-poetas cadavéricos

E

As não-poetisas cadavéricas

Deste

Vale Dos Não-Poetas Cadavéricos

Vale Das Não-Poetisas Cadavéricas

Apenas

Beijam

As

Sombras

De

Todas

As

Alvoradas

E

Temem

A

Meia-Noite.

01:20h