O PRESENTE SECAM MINHAS LÁGRIMAS ANTES DE SEREM ÚTEIS

j.Torquato / fev2014.

Sento aquí na beira da alma, e olho para os restos de festas

São papéis em bolinhas coloridas de embalagens de pipoca, chocolate, cigarros,

São pedaços de beijos, ternuras, carinhos num bolo amassado,

Eu olho dentro do passado aos meus pés e vejo que existe além de meus pés.

Sons ecoam, vibram, me convidam a levantar a alma e bailar

Em cores a lua faz um raio para cada momento feliz e eu danço sob refletor lunar

Mas minha alma esvaziou de presente, só está cheia de passado

No presente não encontro os outros pares de sapatos que meus pés querem participar

Meus passos não interagem com os passos atuais, sou constantemente ultrapassado.

Não passa um passo que goste da mesma música, do mesmo papo, nem do mesmo aroma.

Eu vou ficando e meus passos trôpegos quase parando, chora na calçada da alma.

E como não havia mais nenhuma pedra no meu caminho

Eu deslizava abraçado ao meu par, tentando recuperar algum tipo de auto afirmação

Orgulho de participar, felicidade de contribuir, de poder ser útil.

Não me dê apelidos como melhor idade, me dê dignidade.

Até os pombos bicam os restos de festa na praça da minha vida

Sentado a beira de mi’alma, nem lágrimas chegam a brotar

As brisas do presente depressa as secaram, até minhas lágrimas morrem antes de serem úteis.

Podem ficar com vosso I Pod, me deixem com o que eu posso. SONHAR.