INSÔNIA VERDE

Uma música corre no ar,

e em minha cabeça silêncio eterno.

Papelarias e decotes tortos

atordoam em lembranças no chão.

Não me ofereça seus braços metálicos

que de tão frios abraça um deserto,

nem com suas botas flácidas pise

no solo irremediavelmente atormentado.

São horas de fomes que caminham aos ouvidos,

com sensações verdes horrendas

á espreitar a insônia e a fadiga

de pensamentos tolos e dolorosos.

As horas são pequenas lesmas no meu quarto!

As paredes vomitam criados-mudos.

Seguindo vejo lado a lado: dois grilos azuis,

dois sapos que se esguiam, duas paredes paralelas

e um cigarro mal acabado.

As horas esfaqueiam o vácuo estéreo,

em mim, de todas as formas alongadas,

o fígado remexe o meu cérebro,

e, enquanto sofro acordado,

sei que todas as casas estão dormindo.