O HOMEM REFÉM DE SI

Emissores de lumes verbais
andam regozijando por aí confusas
verdades sobre o ser, com
suas neblinas opacas;

mas eis que um anjo caído
veio me visitar em sonho e me falou
sobre o misterioso engodo
dos desalinhados:

somos aprisionados
em nossos labirintos de bestiários,
de onde tentamos abrir caminhos
com salivas engalanadas,

a apocrifia pela palavra é o que
guia nossas argúcias luzidias, em esplêndidos
banquetes servidos com cores
e manjares osgarmáticos;

mas, nas transitórias flâmulas
da matéria, somos reféns de uma única verdade:
transbordamos fantasias e promiscuidades
com nossas mentes dementes
e corpos incandescentes.

E de nossa maior infâmia,
desenhada a fausto e falso lume:
a de que Deus tenha feito o homem
à sua imagem e semelhança;


há o rastro claro
de nossas inalienáveis abnormidades,
pois Deus não pode habitar – sob risco perder
sua divindade para o sapiens –

em qualquer coisa
que criemos das profundas e sencientes
valas que habitamos.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 21/08/2014
Reeditado em 21/08/2014
Código do texto: T4931788
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