SOMBRAS

Ao alvorecer do enlace,
perjuras de amor sempiterno
que o vento espalhou pelos cantos do mundo,
e o tempo enterrou ao fim do derradeiro
e sangrento crepúsculo.

Ainda me lembro
de quando, nas noites mornacentas,
vagueamos ávidos pelas
superfícies,

naufragando
em vastos mares de imagens
que revelaram a ebriedade de nossas
cândidas promessas.

Ainda ouço
as melodias versificadas das mitificações,
ressoando angústias surdas
em caises perdidos,

onde nossos corpos e almas
dançaram festejos vazios, a tentarem alcançar
algum alívio para o martírio da quimera inexequível.

Ainda sinto
o cheiro dos restos das cinzas
do frágil fogo que nos alimentou
os sonhos lânguidos,

enquanto a fria chuva
continua a me cair em gotas pesadas,
sem que eu consiga exterminar
as chagas

que remanescem,
de tuas regozijadas e espúrias alvas,
ao interior deserto que
me consome.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 22/08/2014
Código do texto: T4933155
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