SOMBRAS
Ao alvorecer do enlace,
perjuras de amor sempiterno
que o vento espalhou pelos cantos do mundo,
e o tempo enterrou ao fim do derradeiro
e sangrento crepúsculo.
Ainda me lembro
de quando, nas noites mornacentas,
vagueamos ávidos pelas
superfícies,
naufragando
em vastos mares de imagens
que revelaram a ebriedade de nossas
cândidas promessas.
Ainda ouço
as melodias versificadas das mitificações,
ressoando angústias surdas
em caises perdidos,
onde nossos corpos e almas
dançaram festejos vazios, a tentarem alcançar
algum alívio para o martírio da quimera inexequível.
Ainda sinto
o cheiro dos restos das cinzas
do frágil fogo que nos alimentou
os sonhos lânguidos,
enquanto a fria chuva
continua a me cair em gotas pesadas,
sem que eu consiga exterminar
as chagas
que remanescem,
de tuas regozijadas e espúrias alvas,
ao interior deserto que
me consome.
Péricles Alves de Oliveira