Do barro vermelho e frio

Nas mãos de barro vermelho e frio

Esculpiam o tempo

Burilavam a dor

Moldavam bocas

Que nunca calavam

Ávidas bocas

De barro vermelho e frio

Perdiam-se na noite os amantes...

Em volta, o silêncio...

Minas de água, suor e areia

Febre burilando a dor

No barro vermelho e frio

Fundiam-se num só espaço os amantes...

Mãos trêmulas

Cinzel

Amavam-se assim

No barro vermelho e frio

Nas noites nas madrugadas

Nem vento nem mar os movia

Nem a água salgada os molhava

E de tanto se amarem assim

A terra nem mais girava

Eram corpos de areia e tempo

Esculpidos em silêncio e horas.

Areia de falésias e grês...

Nem correnteza

Nem temporal

Minavam o amor distraído

No barreiro de lamaçal

Pois

Eram corpos de barro vermelho.

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 13/09/2014
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