TRAGICOMÉDIAS

Há asas brancas
e corpos de sereias ao palcos,
há fantasias de marinheiros e de lampreias
por detrás dos mosaicos;

há nuvens beijando
as distâncias impossíveis dos oceanos,
há palavras-brasa enfeitando
as cloacas das sombras;

há esquecidos terreiros
escalados nas puerícias perdidas das infâncias,
há máscaras clorofórmicas cozidas
nos labirintos das temporais
insânias;

há anjos fugindo
a flutuarem por desconhecidos escuros,
com medo de seus reflexos
às águas e aos espelhos,

há ratos e fantasmas
gritando para se libertarem da petrologia
de seus próprios e entenebrecidos
becos:

o acalento e o acoite,
a primeira nota e o quarto andar,
o fogo-fátuo e as cinzas
de suas cores.

Longinquamente

 além-vistas, além-sonhos e além-quaisquer-senciências –,
gloriosos deuses amam, silente e avassaladoramente,

a cársticos demônios.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 30/09/2014
Reeditado em 30/09/2014
Código do texto: T4982018
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