SEI-TE DE COR
Conheço-te as manhas
e as manhãs,
e não só a pele, os cantos,
os néons inflamados das retinas,
os meles e feles extruídos pelas amígdalas,
ou o que se lhe havia sob as unhas
e lençóis nas noites passadas.
Conheço-te as máscaras rimetizadas,
as ilusões sôfregas, os desejos incandescentes
e as inevitáveis e recorrentes quedas
às superfícies congeladas.
Sim, sei-te de cor,
inclusive do lúgubre encanto que tens
pelos ecos perdidos entre desertos secos
e telhados de amianto.
Péricles Alves de Oliveira