O Corvo- Gêmeo Siamês ao de POE

Era mês de setembro

Esse pássaro agourento aparece

Na minha cidade!...Animal estrupício demais!

Sempre pra lá e pra cá, com seus ais

Bicho morrinha da molesta dos umbrais!

Filho das sombras, muito sagaz!

“-Eita, ave lamurienta!”

À noite, solitário; um sonho

A vida me fizera ver quanto tudo é fugaz

Assusta-me o futuro!

À morte, sente-se a fraqueza que faz

Dor e ranger de dentes, à lápide, quando você jaz

Porém, o que fazer meio ao sofrimento que isso traz?!

Ínfimos tempos de nanicos loucos

Onde esses pásssaros pretos saem dos fossos abissais

Sedentos por suas presas mortas

Especialmente, se esses forem boçais

Sim. Se aquelas se sentem em pedestais

Ave da peste com artimanhas conjeturais

Em minha cabeça, todos os sinos tocam

Tilintam com um pensamento perspicaz

Esse animal tira-nos o sossego

Ele sabe ser voraz

“-Diga-me, senhora (or): quem é esse bicho mordaz?!”

Deixará todos nós para trás.

Na imensidão de um verso, minha fantasia

O desejo pra não atrair esse e outros animais

Briga de foice continuar com tal infortúnio

De dia, dorme; de noite, não tem paz

Ixe, quantas viagens colossais!

Muito enxofre constituindo os seus aminoácidos triviais.

A janela batera forte lá dentro

Não vale à pena sermos individuais!

Corro pra ver o que era; nada veria jamais!

No entanto, um vulto pelas persiamas

Como não crer em corpos espirituais?!

Por ver esses seres distintos dos mortais.

Pássaro preto nem se faz rogado!

Ave traquina como sempre igual Moraes

À moita, qual mineirinho; pelas beira , comendo quieto

Da muierada, à sua volta e de pés atrás

“- Que seja infinito enquanto dure, rapaz!”

Essas e outras, são regras gerais!

Mentira tem pernas curta!

Bicho esperto, estás demais!

Não mais preciso mentir, seboso!

Sabes...?! Não imiscuas!

Já era em tempo! Agora, vais...!

O Corvo disse: “-Nunca mais!”

Se, por acaso, voltares, meto bala na tua fussa!

Daí, não serás mais o mesmo, nunca mais!

Pássaro malvado, volta pro inferno de onde saíste!

Larga de mim, satanás!

Do contrário, creas...

O Corvo: “ - Já te disse nunca mais!”

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 17/12/2014
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