Metafísica Poética
Não é que eu tenha em mim, todos os sonhos do mundo;
Mas tenho em mim, um mundo do tamanho dos sonhos;
E não há nada de errado comigo;
Esse estranhamento dos derradeiros dias,
É algo que permanece inerte e acomodado;
Aqui dentro. Bem aqui, ó.
A mais fantástica das coisas, perde sua graça.
Num átimo.
Disforme, descontente, uniforme. De repente.
Os furores da adolescência,
E os calores da menopausa. O torpor do adeus;
E a indiferença da morte.
Abençoados por Deus. Todos juntos, estáticos.
Deus e deus.
E muda-se de estrofe; e muda-se um mundo.
O que é sólido, desmancha no ar.
Ela se foi; elas se vão. Eles vão, eles irão.
Conjugando o verbo da partida, da solidão.
A vida é algo extraordinário: Quando se quer.
A vida é algo fantástico: Pra quem está feliz.
A felicidade é um estar; nunca será um ser.
Ser; o que escolher pra ser?
O pássaro vive livre, morre livre,
Mas não deixa saudades.
A sua ausência é notada em cativeiro.
E não será a última nem a do meio.
E a vida é breve, a vida traz.
A vida leva.
A vida foi.
A vida será.
A vida é.