Humana ilha

Insignificante e invisível criatura

Eu assim nua no espaço solta

Implorando mais da ausência tua

Que aos gritos me deixa insana e louca

Precisava me envenenar com tua saliva

Para que sumisse de vez da carne cela

Nada quero além de navegar incógnita

Nem quero do amante qualquer trela

Sentir no dorso esquálido e torto

A chibatada do real desprezo em vida

Nasci tarde e agora canto o abandono

Daquele de quem minha alma é cativa

Maldita seja também essa alma

Que me apavora e ainda insiste em ser

Numa constante hora em que nada se habilita

Prefiro o estado em que me permito viver

Em algum lugar no mar totalmente líquida

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 09/01/2015
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