A Criatura

Abriu as portas e,

Das sombras, emergiu

Uma grotesca criatura

De rosto tosco e dentes

Afiados que escondiam

A língua bífida e a

Saliva ácida que

Escorria livremente da boca.

Assustou-se.

Gritou.

Fugiu.

A criatura seguia

De perto, tocando-lhe

As costas que envergavam-se,

Numa tentativa de não sentir

Aquela mão com dedo sempre

Em riste, acusador.

A fuga era inviável

Pois a saída estava ali,

Porém não podia vê-la.

A criatura tragou, lentamente,

Aquela outra criatura em fuga.

Em seguida, olhou-se e tentou

Fugir de si mesma.

Tarde demais...