Trevas e tempos

A escuridão era tanta e tão espessa, que eu via

A luz da bunda do espermatozóide do vaga-lume.

Mas havia outro lume que vagava impune,

Este se gabava batendo guizos metálicos.

As horas que se contavam eram as mesmas que

Perdiam-se em madrugais gentílicos.

Cinco ciclos iguais se passavam em espanto

E muitos seres vis se acotovelavam

Para se esconder da verdade que doía.

Uma velha amiga da liberdade se levanta,

Tinha garras afiadas e sangue nas unhas;

Sangue de nobres e de miseráveis famintos;

Mas era o preço que se haviam pagado pela luz,

Que começava a pairar por sobre a cidade azeda

E viciada na mais torpe e feroz ignomínia.

Um lado da metrópole se recolhe e fica nas trevas

Outro, meio às cegas, arrisca uma perna e se ilumina,

AQluz era boa? Era a de Génesis? Apocalipse?

Os seres famintos descansam por um segundo,

Enquanto os vis vomitam as misérias acumuladas

Na falta de alma para distribuir caridades...

Carlinhos Matogrosso

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 16/04/2015
Reeditado em 24/08/2020
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