Nas teias do tempo

Expressiva caminha

minha poesia encarcerada

nas teias do tempo

redigida com adrenalina escorrendo

sem malabarismos que a vida

enfeita cada dia

– Ausentei-me hoje

lastimando nossas ausências

que espreitam derradeiras na peugada

dos abraços que me espoliaste em tempos

surdos

renovados continuamente

até que sinta de novo emergida

em ti

nossa expectante universalidade

escrita fielmente em gomos de poesia

de uma vida jamais coagida

nas teias do tempo,

que hoje me desperta em refrigérios efusivos

de alegria fragrante

embebedando-me devagarinho

redimindo-nos revigorados, delirantes

– Os atos de amor

serão sempre vislumbrados

num beijo implícito

onde nos lambuzamos

quase homicidas

tentadoramente premiados

pela razão quase insâna, subvertida

– Ser poeta

é espontaneamente

dar o endereço da morada

à loucura

fazer do tempo uma doença

sem prognóstico

ser a nossa

pátria sem bandeira

onde aplacamos nossas disputas

estóicas, atrevidas

bebendo o suco perfumado

onde geramos toda a vida

indomável,revelando-nos sem mais contra partidas

– Nos enrredos cronometrados na

rasura de um poema quase perfeito

descarto a sílaba súbita

onde te ofereço

na penumbra do tempo magistral

meu repouso, fiel

confinado ao teu perfil

explêndido,

propagando-me na radiante

e balsâmica manhã

onde disperso meus versos

tão banais esquecidos nos ventos

perpetuados compulsivamente nas teias do tempo

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 30/05/2015
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