DEMÊNCIAS E DORMÊNCIAS
Por que,
desaguando-te às vezes
em plangentes chuvas de verbos
e de lágrimas,
ainda duvidaste
de meus sentimentos, se aos rastros das cortes,
de heróis, de mitos e de fantasmas
que me trouxeras,
e, se aos tangeres
dos sinos crepusculares, com seus tristes
e misteriosos sons
moucos,
eu
– por te amar também
assim tão longo, tão denso
e tão profundo –
enfrentei,
da mesma forma, meus medos, meus receios
e minhas dúvidas na silente
névoa
de quando
nos desentendíamos e ficávamos
em ausência da nuvem?