O ENCONTRO COM A MORTE - Poesia nº 66 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"

Ah, dona morte! Como vai?

Se, deste sopor que tu sai,

Qual me visitas hoje assim,

Uma razão de certo o teria,

Sei que não é uma cortesia;

Deduzo: Achas ser meu fim?

Creio e lhe digo: Ainda é cedo,

Não tenho ou guardo segredo,

Pois eu vivo de intenso amor.

Nunca tive a falta de respeito,

Não fiz do mal ser meu eleito;

Erraste o endereço, por favor!

O meu sorriso é sempre belo

E nem sou amigo do flagelo,

Porque a vida me deu sorte!

Se, cometi um ou outro erro,

Que motivos para o desterro

Teria eu, diga-me dona morte?

Se, a traição é uma cobrança,

Aí, se finda minha esperança,

Pois, trai sim, mas foi só isso!

Nada te devo, nem juramento,

Segredos a ti eu não comento,

Contigo recuso compromisso!

Ah! E de um fato eu me lembrei,

Que há muito tempo, já adotei!

Não quero tomar o seu espaço,

Mas, da poesia eu sou detento,

Até provo-lhe ter tal documento...

E a prometo: O mal não te faço!

Mostro-lhe por linhas em versos,

Que eu pertenço aos universos

Dos poetas. E se morto ou vivo,

É a cria benta pras eternidades!

E nessas leituras de felicidades,

Pelas minhas obras, eu te privo!

E eu, te proíbo já na entrada,

Pois, daqui tu não levas nada,

A poesia minha é muito forte!

Fala de Deus e dos destinos,

Portanto, toque os teus sinos

E siga em frente, dona morte!

Leve só quem o mal venera,

Quem mata nossa primavera

Ao renascer de cada criança!

Mate o preconceito na terra,

Enterre doenças e a guerra,

Pra haver luz na esperança!

Ah, dona! Sinto muito, sinto,

Mas, saia deste meu recinto!

E pra você, só sobram trovas

Que em enleios eu escrevo,

Porém, pra ti eu nada devo;

Falta pretexto, faltam provas!

Aviso-te: É livre meu coração,

E de ti não aceito negociação,

Meu fim é a poesia pra recitar!

Por isso, eu vou feliz seguindo,

Com a eterna vida me sorrindo;

Pra você ó morte, lhe espantar!

Eduardo Eugênio Batista

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