ALMA POETA


Sou apenas uma mulher que gosta de brincar com as palavras,
brincar de escrever feito gente grande. Nunca soube que nome
dar ao que escrevo então falo que são meus rabiscos.

“Isso mesmo, meus rabiscos”.

Diferente?

Mas quem disse que gosto de ser igual?
Às vezes gosto de multidão (sou o centro do mundo), outras
de ficar quieta isolada (sou o canto dos cantos).

Quantas vezes andando pela rua, no serviço ou em outro lugar,
me vinha num relâmpago palavras desconexas e eu corria pegar
papel e caneta na bolsa (nunca andei sem bolsa papel e caneta),
e eu com medo de esquecer, rabiscava as palavras no papel; e
as pessoas a minha volta me olhando, achando que eu era uma
doida (vai ver naquele momento era doida mesmo).

Essa ai sou eu.

Sou multidão, um canto, um diário, um livro, um pedaço de papel,
um sopro, um vento, uma tempestade, um silêncio, uma trovoada.

Sou inovadora, criadora, rebelde, liberal, conservadora, assustadora, assustada, engraçada, tristonha, chata, barulhenta, quieta.

O anverso e o reverso.

Não sou uma quem, sou uma que.
Uma que vive em constante mutação.

Uma Alma Poeta que busca a noite, a madrugada, a lua, as
estrelas, uma boa música para ouvir, uma boa inspiração para
escrever, ou às vezes nenhuma.

Eu sou esse emaranhado de contradições.

Alma Poeta