APOCALÍPTICA 

Fazia a ronda no cemitério 
Medo constante 
Não havia conseguido 
por mais esforço despendido 
um serviço mais digno. 
O luar se escondera entre nuvens 
Negrume da escuridão 
Derramara seu manto negro 
Em todas as direções 
Silêncio estarrecedor 
Seria o sinal? 
Árvores balouçando sinistramente 
Arrepio arrasador 
Uivos de cães ao largo 
Trovões anunciam violenta tempestade 
Línguas de fogo dos relâmpagos 
Varrem o céu acinzentado 
Alma em desalinho 
Tremenda ansiedade 
Coração bate descompassadamente 
Aumenta a tensão latente 
Campo santo estremece 
Cai forte a chuvarada 
Lama e resíduos de velas 
Flores fedorentas e ressecadas 
Gosto amargo na boca, ranger de dentes 
Mente petrificada pelo pavor 
Gritos aterrorizantes na madrugada 
No corpo a intensa e constante dor 
Criptas se partem num ranger agourento 
Cadáveres putrefatos e mal cheirosos 
Brotam das tumbas umedecidas 
Anjos maus povoam a Terra.