Noturno de outubro (2)

Triste e bela a noite se anuncia.

Sem estrelas, cinza,

como cinza foi o dia.

Das cinzas das lembranças,

restaram as folhas ao chão.

Pétalas caídas da alma,

flor que perdeu o coração.

Não me toques, ó cinza noite,

pelas cinzas dos teus devaneios.

Vim pelo caminho do sol,

por onde você não veio.

Talvez se me ofertares estrelas

e um luar que me acolha por inteiro

quem sabe, um dia, cinza eu seja,

- alma de água -

cantando de um despenhadeiro.