SUAS CINZAS

Dar-lhe-ei drinques em fogueira santa,

Descarte de pecados e ilusões,

Cuja queima aos céus se eleva,

Em nuvens desfiguradas que da alma emana.

O crepitar uníssono de suas brasas,

Une-se ao ranger de dentes de sua ira,

Transformando o orgulho em migalhas,

Consumindo a ingratidão e a agonia.

Labaredas ao alto cegam meus olhos.

Seu cheiro sulfídrico me entorpece.

O calor das chamas queimam meu lábios.

O som de sua fúria me emudece.

Mas, ao raiar do dia, sua labareda acalma;

Seu cheiro putrefato desfalece;

Sua melodia irritante, enfim, se cala;

O sabor plumboso de tuas cinzas permanece.