AS ÁGUAS DO RIO
Não há paz para os vencidos,
nem alívios para os medos e as dores
congelados em seus cérebros
e músculos enrijecidos.
Das passadas águas do menino
(ou seriam águias que por mim se passaram?),
que agora jaz ao séquito e alucinado
deserto do homem,
restaram-lhe apenas
inundações cirúrgicas, ladeiras-abaixo,
perdições em becos-vadios
e esperanças-sem-fio.
Sim, de fato
(sem mais agulhas nem loucuras)
sequer lhe restou um último sonho-de-anjos,
um último beijo-de-asas, ou um último
abraço-de-rios.