A queda da borboleta
Somente a natureza viu a queda da borboleta Mary Trarbach



Saltitava sobre corolas multicores,
Pétala alada , pelo rocio umedecida ,
Cerne da rubra flor ,semente perdida,
Insana borboleta azul beijava flores.

Nas festivas pompas, horas matutinas,
Flutuam em bandos,pandorgas finas,
Visita brancos lírios,irrequieta criança!
Caída folha do céu, gravada esperança...

Estranha ausência,vazio na presença,
Falava de ingênuos olhos d’alegria...
À meu lado morava a melancolia,
Ah!Sentia incerta saudade tamanha!

Ninguém,da borboleta,a queda viu,
Pássaros em sonora e cantante turba !
Unidos às marolas de sinuoso rio,
D’alegria tornaram minh’alma surda!

Pétalas aladas unidas qual rubra flor ,
Deitam pólen sobre morta bailarina,
Aves silentes em cirandas de menina,
Seguirão a leve alminha aonde for...

A queda da borboleta abalou o chão,
Ouvi os murmúrios de quem padece
Doloroso aperto, fundo no coração!
Ah!Que o mundo,então,emudece...

Como milagre divino ou coisa afim,
A borboleta renasce em botão de flor,
Adeus,adeus,uma voz atrás de mim...
Despede-se um alado poema de amor!