Profecia
O grito mudo das ciber-pessoas
Resvala mas não toca
Até ecoa aqui e acolá
E não perdura
Porque é oco
Genérico
Degenerado
Pois não têm bocas
Mas terá de tê-las
Mesmo que fabricadas
E estas nã-bocas
Vão devorá-las
Porque serão muitas
Devorando-os
De dentro para fora
E sua carne exposta
Testificará o mal oculto
Que conceberam por séculos a fio
E o mal invadirá as casas
Debochará de todas as crenças
Porque se revelarão falsas
Expargirá sua saliva pelos cantos
Dirá seu nome sem titubear
Tudo acontecerá num dia comum
Um dia banal
Um dia de sol
Com algazarra de crianças
E o latido de um cachorro
Num piscar de olhos
Seremos transformados
Em memória
Guardada para todo sempre
Amém