Profecia

O grito mudo das ciber-pessoas

Resvala mas não toca

Até ecoa aqui e acolá

E não perdura

Porque é oco

Genérico

Degenerado

Pois não têm bocas

Mas terá de tê-las

Mesmo que fabricadas

E estas nã-bocas

Vão devorá-las

Porque serão muitas

Devorando-os

De dentro para fora

E sua carne exposta

Testificará o mal oculto

Que conceberam por séculos a fio

E o mal invadirá as casas

Debochará de todas as crenças

Porque se revelarão falsas

Expargirá sua saliva pelos cantos

Dirá seu nome sem titubear

Tudo acontecerá num dia comum

Um dia banal

Um dia de sol

Com algazarra de crianças

E o latido de um cachorro

Num piscar de olhos

Seremos transformados

Em memória

Guardada para todo sempre

Amém

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 18/06/2017
Reeditado em 18/06/2017
Código do texto: T6031029
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