Sonho Hermético

Sonho Hermético

Branca, pálida como um cadáver.

Deitada sob uma lápide fria.

Era noite e não dia,

E sorria a lua no céu.

Ela vestia um véu

Que lhe encobria o corpo,

E o sangue do aborto

Na laje fria corria.

Abortava a própria vida

Aberto o pulso estava.

Uma coruja piava

Um cantar de despedida.

A lua empalideceu

Uma nuvem pesada e sombria

A luz da lua fechava

E dos olhos mortos escondia.

Eu que a tudo olhava

E que a tudo eu via

Acordei, mas não queria

Do sono no qual sonhava.

Que minha amada querida

Sob o céu que a olhava

Tirava a própria vida

Enquanto eu espiava.

Um presságio deve ser,

Uma mensagem talvez

Quem sabe seja agora a vez

De eu assistir morrer

Minha dor minha saudade

Minha paixão meu querer

A solidão o sofrer

O vagar pela cidade.

Tudo não passou de um sonho

Um pesadelo que eu tive

Oh sim, minha amada vive

Foi só um sonho medonho.

A morte de minha querida

Significava que

Tirando a própria vida

Devolvia o meu viver

Hermético sonho velado

Arquétipo do amanhã

Mensagem que não é vã

Por mim foi interpretado

Ella está bem segura

Amando e sendo amada

E toda essa tortura

Da minha visão sonhada

Seja somente um aviso

De que devo esquecer

De eu voltar a viver

Pois é disso que preciso.

De tudo os céus a proteja

Lhe dê amor e alegrias

Por muitos e muitos dias

Seja com quem Ella esteja

Serei feliz do meu jeito

E Ella será sempre amada

Será imortalizada

Aqui dentro do meu peito.

(Farias Israel-set/2017-SP)

Farias Israel
Enviado por Farias Israel em 23/09/2017
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