Noturno de Fevereiro

Eu precisava ler além das flores,

das árvores, das montanhas,

para descobrir os signos de mim mesma.

Abrir talvez algumas nuvens com as mãos

para espiar melhor o sol nesse tempo turvo e triste.

Já não domino meus silêncios,

nem meus ruídos

e a casa interior necessita de jasmins,

urgentes primaveras para ressuscitar sorrisos.

Para onde foi meu pé de camélias brancas

quando podaram também meu chão vestal de amanheceres?

Há um jardim para cultivar, que comecei, de novo,

há tão pouco tempo,e que continuo aprendendo.

Suas flores são rostos que me fitam.

Cada folha que cai é um passo que me segue.

E dentro dele, as penas se unem...

em tempo, sonho, palavras, imagens,

e ainda voam pelo direito de continuar acreditando.