Pinturas sem palavras

Sons de lépidos pássaros em algazarra

voando um desenho difuso no céu azul

ávida flor do ventre que se não imagem

esmiuçaria em vão palavra para revelar.

O claro enlevo ao derredor de um beijo

embriaga a alma de um leve perfume

que homologa uma súbita impressão,

a de que o sol se cola naqueles lábios.

Era a primavera pousando no quintal

num tom meio verde em meio a luz

cavalgando uma orquídea enluarada

e ao da Terra um abraço meio amigo

meio ardente por que não? Desvencilhar?

Não, do pensamento se irradia ao céu

como a proeminência solar ao cosmos

auroras especialmente brilhantes

aos olhos que toda beleza traduzem

aos lábios que toda flama acumulam.