Manto sagrado
Sou prata da roça na casa de roça
emprateleirada no pó,
não de prata poeira,
de ouro de chão aquilatado.
Ourivesaria por estrondo
de bravo alvo gado.
Sou chão de fétida peroba
vermelho indevido,
mênstruos pintados.
Rastros e vestígios
do sangue seco pisado
em botina de terra curtida.
Sou poeira da terra entediada
a esmolar lágrimas do céu
na margem da estrada em brasa,
assada e dourada em pó
vermelho da nuvem de ouro,
que tosse seco em face ensopada!
Sou capim árduo em puro pedregulho
alforriado do chão ultrajado.
Terra arrasada e defunta,
Porque me deixou viúvo sem verde
e sem rede de gato em unhas,
inteiramente só com o sol.
De resto é me lembrar
e me esquecer pó.
Até que a chuva me reapresente sem dó!