Sem saída

Baixa forma nua

trancada na subida de alguma barca leve e torta.

Tentando sonhar com as estrelas em uma noite de cheio luar.

São ecos dos nossos sons profanos,

propagados pelos cantos de um mundo vazio e sem crença,

perdidos nos desertos das nossa incertezas.

Terças de inverno a quarenta graus,

deslocando o vazio da minha célula a procura da real natureza que me revela.

Não se tem saída ao amar.

Se morre rezando a todos os tipos de santos pra aquilo não acabar.

Saídas de um beco sem saída,

costeando a entrada da minha ferida,

que sangra inutilmente ao lembrar das tantas despedidas de uma vida.

Cai a lágrima de gelo

derretendo minha face e saciando o ego do meu medo

trancafiado no fundo dos meus segredos.

Não adianta fugir quando o mal esta dentro da nossa escolha,

faminto por vida e liberdade,

desprovido de qualquer culpa.

Ganha ou perde quem prefere um lado e no outro interfere,

pra matar ou morrer,

juntando restos fétidos das guerras que não escolheu pra defender.

Reflexos da insanidade humana,

seguindo seus deuses humanos,

comandados pela ganância da nossa liberdade social.

Desarmado o povo chora e ama,

ri e clama,

rola na lama pra tentar ser feliz no mundo em que não se vê nenhum coração.

São marcas das suas próprias escolhas,

transformadas em pedaços de rolhas

jogadas nos esgotos de uma cidade de bêbados inúteis e burros

sempre em busca de um novo gole de álcool.

As chances de crescer aqui são nulas,

nada muda nem se fortalece,

tudo permanece na eterna troca de influências brutas e insaciáveis,

sempre buscando a própria vitória.

Sombras de vidas que ha muito se foram,

e das quais eu fiz parte,

assombrando a essência dos nosso rebentos

que sangram pelos meios fios depois de noites de orgia.

Eternas noites de orgia...