Residência dos silentes

Estive distante por sutis momentos

Cantando para si os pesares do coração

E em meio a este trêmulo colapso

Abstive de toda a razão

Forcei meus passos para além da consciência

Tomei dos ares uma brisa tão afável

Embebi meus dedos na umidade desta dimensão

Lucidez ausente, que sentimento adorável

E na loucura desta minha letargia

Subi caminhos inda frios de madrugada

Vultos errantes, peço desculpas por invadir

Sem cerimônias, tão suscinta pousada

Fora o amanhecer de meus pensamentos

Pois deste instante me vi outra vez consciente

Me deparei com verossímil residência

Expurguei minha vivacidade latente

E deitei-me nas verdejantes colinas

De um bosque que parecia antes morto

Mas outrem fizeram-me companhia

De serenidade fiquei absorto

Eram tão belas as covas, tão quietos os mausoléus

Elegeram-me monarca dessas terras, presente dos céus

E conto de prontidão minha satisfação

São tão mais agradáveis estes mortos, do que aqueles vivos

Que só fazem viver em vão!