O Vidro

Vivemos em mundos separados

por parede transparente

frente a frente colocados

jamais se tocando eternamente

Tento forçar a travessia

quebrar essa barreira imposta

meu esforço é sem valia

ecos são a única resposta

Ela continua do outro lado

segundo a segundo querendo

destruir esse selo que tem nos separado

que nos aflige e nos faz ficar sofrendo

Seus dedos delicados

continuamente batem o vidro

num esforço exasperado

de querer estar comigo

Nos olhamos com tristeza

sem conseguir nos alcançar

sentindo no tato a aspereza

desse vidro a nos separar

Nossas dimensões paralelas

não podem se amalgar

apenas por simples janela

podemos nos observar

E permanecemos em contemplação

lágrimas de desespero a derramar

nunca encontrando uma opção

que nos permita o outro alcançar

Nosso amor é incomum

nem deveria conosco estar

nunca seremos um

jamais poderemos nos tocar

Mas nossas lágrimas ainda rolam

nosso ser no íntimo arde

aguardando nova aurora

que altere nossa realidade.

Petrus Stone
Enviado por Petrus Stone em 11/11/2020
Reeditado em 12/11/2020
Código do texto: T7109361
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