Desejo pós-moderno

Acordo com um zumbido em meu ouvido.

Levanto decidida a mudar alguma coisa em minha vida.

Todo dia é assim.

Acordo de um jeito e vou dormir de outro.

À luz do dia minha cabeça gira, dá volta junto com a Terra.

A cabeça na lua.

Corpo fora do lugar.

Falta de exercício.

Mente ausente.

Presente demais.

Meu ouvido dói.

Água daqueles quatro dias de piscina.

Da tentativa de estabelecer uma rotina de malhação.

Meu corpo pede.

Minha mente, impede.

Fico louca.

Ando louca.

Quero tudo, não consigo nada.

Dinheiro mesmo, não vem.

Procuro tanto.

Preciso tanto.

Ou será que não?

O que é que falta?

Coragem, perseverança?

Coragem até que tenho, perseverança, almejo.

Falta um pouquinho de cada coisa, mas já sou tanto.

Só que não me contento.

De ser simplesmente o que sou.

De não ser tantas.

De não ser outra.

Gosto do que vejo.

Do que escrevo.

Do que penso e imagino.

Mas não consigo ganhar dinheiro.

Será que é o meu destino?

Não nasci para juntar fortuna.

Mas não é isso que eu quero.

Ou é?

Uma viagenzinha com os filhos já vai bem.

E uma reforma na casa também.

Carro do ano, pode ser.

E umas roupinhas transadas também.

Penso não querer, mas quero o que outros têm.

O nome disso é inveja ou será que é desdém?