O CAMINHANTE

 

 Atirado na fogueira das loucas vaidades
 Desalojaram-no  do mundo,  verdades
 Só um pássaro delirante nas asas do trovão
 Perdeu prá sempre o sonho, o ego, o chão...

 

 Pobre maltrapilho,  esfomeado caminhante
 Nas ruas imundas, imundo mundo errante
 Frenético a perseguir a felicidade, visionário
 Crença das pregações ilusionistas, quê otário

 

Ouve ainda o canto enganador da sereia
E vê  locupletando-se com o sol na areia
Brancas carícias vindas das ondas do mar
Gaivotas voejando sobre a praia, a voar...

 

O trovão ribombando bem longe, ao norte
Ondas batendo na rocha rude e forte
À tarde adormecendo sob o sol amarelado
Algo neste cenário encantador está errado...

 

Um louco grito de agonia jamais ouvido
Grandioso gemido  de dor nunca sentido
O despencar do corpo de um ser humano
A queda de algo grandioso, desengano???

 

Não, apenas o grande ego que desabou
do escarpado penhasco no mar se estatelou
Mas as vaidades e verdades adormecidas
despertaram, ressuscitaram coisas perdidas...

 

Carinho retornado na forma de compassos
Amizade imprescindível, almas em abraços
A eternidade, grandioso e inesquecível amor
Enlevo do ardoroso beijo de muito sabor!!!

 

By:  Maurélio Machado