Uma Galinha e um Malabarista Natimorto

Existe algo quebrado em mim.

O coração a cabeça. As MÃOS.

Os pés. A orelha quebrou-se em

Diamantes vinhos no chão. Quebrou-me.

Céu: a argola de aço. O pânico

Foge dos lábios humanos direto

Ao paraíso renascer. Renascer?

Não precisas renascer. Precisas nascer.

Preciso MORRER. Morrer para

A vida vazar do copo enquanto

Bebo o líquido que escorre dos

Pedaços dos diamantes quebrados.

Uma galinha tenta vender giz

Simultaneamente o malabarista

Tenta cair de propósito do poste

Que ilumina a casa das vozes douradas.

Estou na praça, fumando o mundo.

O cigarro ora ri ora chora. Nunca morre.

Renasce, na verdade, nasce. Renascer

E nascer de novo. Relativamente diferente.

Estou na praça, o cigarro acaba.

Tento não acender outro tão cedo

Mas o vício sempre foi inevitável.

O mundo é um incêndio. A galinha foge.

O malabarista pula e não morre.

Agoniza ensangüentado no chão.

Odeia maquiagem de palhaço no rosto.

Não morre: Nasce de novo.