Varanda interna

Varanda interna

As luzes vivem o concreto

E a lua espreita as torres

Motos passam enluaradas

Entre grafites e misérias

Anjos perambulam a noite

Mulheres em corpos diferentes

Homens coloridos sorridentes

As moças tatuadas banho tomado

Perfumes baratos exalam

Seus corpos negros tatuados

Meninos de rua nossa mácula

Perambulam na rua sorridentes

Belos belos tesouros perdidos

O concreto é armado

As matriarcas desarmadas

Fazem compras na quitanda

O menino da rua se alimenta

De sonho ora de alimento

Meu choro é de dor

Ora de felicidade

O centro é novo

Nunca foi velho

Se renova em cada esquina

No ventre de cada menina

Repousa toda a eternidade

Centro fértil de sons e cores

Canteiro de dores e amores

Aqui planto meus sonhos

Feito semente nas moças férteis

A lua se esconde entre as torres

As luzes se calam em concreto

O sol colorido renova o cinza

Do centro da minha cidade

Cerro os olhos e sonho

Espero a lua retornar