Tropeçar em poço de pensamentos

Ando, ando, ando

Ando até meus pés aprenderem

A andarem sozinhos, automáticos

Para que minha mente possa

Parar de correr, desacelerar

Desligar, suavizar, acalmar

Num momento de susto, tropecei

Continuei andando, mas minha mente tropeçou em um buraco, um poço

Cheio de pensamentos limpos e cristalinos

Tão evidentes, claros e óbvios para mim

Cada pensamento era anatomicamente

Intimamente ligado ao outro, feito

Gotas de água abraçadas

Siamesas e aglutinadas

Superfície como ponto de início

E sem fundo como final

Pois cada extremidade é aparentemente

E fundamentalmente igual

Afasto as águas para ficar longe deles

Porém quando as afasto, elas voltam

Até mim, retribuindo a força que usei

Para afastá-los, estou envolto, abraçado

E amarrado neles

O único jeito de sair seria se meu corpo

Que anda puxasse meu corpo de fora do poço

Para que voltasse a andar sobre duas pernas

Juntamente com ele

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 06/08/2023
Código do texto: T7854541
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