Hypnos

Há um preço para me conhecer, o teatro carregado do meu peito

Eu vou tomar de volta todos os sentimentos das tuas entranhas

Há um preço para condenar meus pecados, o purgatório se espremerá

Eu vou transmutar os teus segredos nos meus olhos e denuncia-los

Há um preço para lamber meu sexo

Toda companhia e suas múltiplas facetas

Calçar logotipos como se fossem hospícios

A cada loucura dessa é um nome a quem deliro

Há um preço alto demais ao amar-me

Venho instruído de devoção e cinismo

Quinzenalmente, criaturas saltam da cova entre os dentes

Diariamente, perambulo pelas esquinas da mente

A ironia que te espanta me regenera

Há trinta anos de silêncio nessa boca fechada

Desembrulha insetos desse estômago

Testemunha um trabalho predatório de subserviência

Tire os olhos de mim, enquanto me desnudo feridas

Um striptease contendo toda a repugnância

Os joelhos tortos que são mais pele do que osso

Resultam em uma operação com garfos usados

Eis aqui, teu tesouro

As cinzas de minha cólera

Já não suporto ou tenho força

Para revoltar-me contra o mundo

Ressurgi a vida com asas de baratas

Está uma necessidade banal de ver-me

Entoco-me num covil antes que me desejem

Refundir a aparência frente ao público

Despejar o samba a algum Orfeu

Escrever póstumas desorientações

Enganar a piedade de Bacantes a própria sorte

Quem sabe definir a língua como um revólver

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 15/09/2023
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