Novembro I

Novembro se aproxima com uma velocidade meteórica...

E meus medos nem passaram do começo.

E o que mais me apavora é saber que novembro virá,

passará e os medos ainda permanecerão aqui.

Tenho visto meus pés se negarem ao caminho.

Tenho visto minhas mãos vazias e frias.

Tenho visto meus punhos e olhos cerrados.

De onde estou vejo muita coisa...

Vejo quem chega...

Quem parte...

Quem fica.

Vejo o tempo passar e arrastar consigo o pouco que restou das minhas ilusões.

Vejo a corredeira da vida transportar meus sonhos

e transbordar em imensas cascatas e eu...

Sem me importar.

Novembro se aproxima!

Minhas certezas se resguardam e esperam...

Não sei o que... mas esperam.

E eu aqui...

No mesmo lugar.

Novembro vem aí...

Sinto-me amedrontada.

Sem sonhos,

sem chão,

sem ter a que me agarrar.

Ás vezes, penso que não valeu a pena.

Então me sinto triste e vazia como agora.

Ás vezes, penso que o tempo não vai mais passar.

Sinto-me repousar em um novembro constante e mórbido...

Quando sinto os olhos molhados e tristes,

quero (mais que espero) que tudo passe e tudo sare.

Mas novembro está aqui...

Meus olhos ainda estão molhados...

Tudo dói e nada passou.

Então espero...

(Só espero)

E já não quero mais nada...

Silvia Coutinho
Enviado por Silvia Coutinho em 09/01/2008
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