Novembro II

Ele voltou...

Novembro em toda sua fúria.

Tropeço em seus instantes e cáio horas depois.

Ele trouxe consigo aquela velha chuva

pra lavar aquele louco amor.

Mesmo sem poder,

eu sinto as palavras engasgadas na garganta.

E enquanto eu admito o frio,

novembro chove lembranças dentro de mim.

Eu não posso mais correr...

Eu não posso mais dizer que não dói.

Também não quero dizer que sinto muito.

Dane-se!

Novembro abre as portas sem minha permissão.

Revira as gavetas em busca de momentos e risos.

Pega o violão e me paraliza tocando sempre aquela velha canção.

Outra vez eu admito o frio.

E quanto mais frio sinto, mais chove...

Mais escuro fica...

Mais momentos revivem...

E menos risos tenho.

Saio correndo do quarto trancando a porta atrás de mim...

Não adianta.

Lá fora ainda chove.

Lá fora ainda é noite.

Aqui dentro os momentos pulsam.

Novembro está aqui...

E com ele, o temporal.

E com ele, aquele frio e quebrado amor...

Algumas coisas realmente não se pode evitar.

Eu não queria que chovesse tanto...

Eu não queria sofre por isso...

Mas novembro voltou.

Triste e tempestuoso...

Apossando-se de meus medos e os tornando reais.

Ele voltou feito um conto de terror...

Voltou.

E não veio sozinho...

Silvia Coutinho
Enviado por Silvia Coutinho em 10/01/2008
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