Madeira sem lei

Em doido a dar o pau

Nos talos de Jacareúba

Brotam vegetais

E flor de olor peluda

Tronco de Jacarandá

Madeira de lei

Nessa terra coberta por ramadas

Eirados de sementes lançadas

Árvores de casca grossa

De folhas ao vento voadas

Cipós que escalam copadas

Plantios no meio da mata

Na copa dependurados em galho

Frutos de mim caem pelo chão

No fundo dessa brenha de rincão

De farpas cravadas na palma da minha mão

Floresta densa e fria

Lascas finas de Imbuia

Flores no bosque em labirinto

Que crescem nessas ripas de Angico

Desabrocham florais do Ipê

Madeira quem não tem lei

Que com a serra fundo corto

Nos gomos profundos do velho mogno

Pelo Cedro em sulcos corre a resina

Nos arbustos o sumo respinga

Deita o suco que sai da cepa

E morre em nóduas na raiz de Teca

Ergue-se o tapume em varas

Sebe da cor do âmbar

Rasga o arado no terreiro

Na eira na beira no rego

Matagal de erva daninha

Folhagem que me espeta

Que rasteja rente a relva

Em queimadas pela selva

Alameda nos caminhos

Cultivo de espinhos

Pés de Pau-Brasil

Arvoredo que me pariu.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 15/01/2008
Reeditado em 15/01/2008
Código do texto: T818451