SEGREDAR

Eu não tenho mais segredos.

Sou filho do beijo roubado.

Sou parte do braço enlaçado.

Não quero pagamento, nem pedágio.

Sou o elo que prende e solta.

Dos meus segredos, que já falei,

Eu sou o futuro.

Porque por onde ando, os deixo.

E se os finco, perduro.

Eu não quero nada!

A não ser

As pedras das ruas,

Que me acolhem, me aprumam.

E me guiam pelas noites,

Num grande desafio.

Acompanhado e só,

Mas protegido

Por um punhado de pedras,

Que não falam.

Não falam, mas murmuram...

Entre elas

O descompasso dos meus passos,

E todos os meus

Segredos impuros.