DESLUMBRAMENTOS
Não sou sobrenatural.
Movo-me em raízes, folhas e musgos.
As flores escondidas,
à hora certa despertarão também.
Carrego o vento nos braços,
desmancho as chuvas nos olhos,
arrulho os sonhos para os azuis dos céus.
Consolo-me dos longes,
com os ocasos que me tocam.
Tristes e siderais estrelas
refugiam meu rosto
quando empalideço à luz do luar.
E adormeço devagar...
pensando sempre que a vida
da treva renascerá
sempre...mesmo que o galo não cante,
mesmo que os sinos não dobrem.
Primeira ou décima aurora?
Arrancada pelo amor, do solo,
à luz, voarei em mais um verso
verdadeiro.