Evocação à poesia

Poema, ergue as asas de diamante,

Vôo original de acesos lábios,

Púrpura sanguínea de tronos fantásticos,

Mergulho no acaso azul do verso.

Nesta tarde saudosa e condoída

Canta, gôndola preciosa dos instantes,

Canta o largo coração de ais cingido

E o ouro que recama a tez do espaço.

Evoca a mensagem há muito esquecida

Quando pelas ruas da infância as pedras falavam,

Desprende as correntes invisíveis

Presas nas fortes colunatas do relógio.

Abala os motivos da vida, plena existência

De figuras móveis e palavras do possível,

Para que um dia os astros murmurantes

Lembrem o lampejar solene de mil bocas.

Julho de 1993