Ganhos, Outrora Perdas

Perdi-me muitas vezes por tentar.

A brisa que me afaga a fronte

desfez-se em maresias,

deixando-me nua em imensas tentativas.

Tentei dançar,

por hora, escrever.

Tentei, em vão, entender em nuances as cores do céu,

ao indagar-me o porquê do afastamento maldito.

Por vezes sonhei sonhos sonhados em alcovas felizes

onde ninfas de vozes macias

gritavam meu nome pela manhã que reluzia sem sombras.

Tentei escrever,

por hora, dançar.

Os movimentos que pulsam nas células de vida

Gotejam pérolas negras de frondoso ardor a percorrer-me a alma.

Perdendo-me, perdi-me, por vezes,

ao tentar descobrir que na escrita ou na dança, sou-me imatura.

Com receio do vívido frenesi de vida poética

Entrego-me, a ti, à Dionísio

para que, de tuas bacantes,

a embriaguez necessária do artista

faça valer em mim sua obra por sempre inacabada.

Ana Paula Perissé

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 22/06/2008
Código do texto: T1046344
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.