POEMA PARA PENSAR (tautograma)

Paira o poema

perpendicular às promessas,

paralelo às premissas,

a poucas polegadas de preces,

no ponto preciso de paradigmas.

Próximo, perigosamente próximo de

poses poéticas e de pobres paixões.

Patético, passeia o poema.

Pensativo, pesa possibilidades, perscruta, provoca.

Perfura o poema a pele das palavras, mesmo as pétreas.

Profundo, penetra.

Peça pouco ao poema, sem pressa,

pois pode o poema pregar-lhe uma peça.

Se pedires, peça (a)penas perdão

pelas palavras pobres ou pesadas,

pelos preconceitos, pelas promessas,

pelas procrastinações poéticas.

Plenifica o poema.

Preencha-o de perfumes,

pois de poucas pétalas precisa o poema

para a profusão de primaveras.

Pousa em paz o poema,

perfeito pássaro de pluma pérola-prata.

Programa-se para partir a próximas paragens, paraísos e paisagens.

Plenitudes pode o poema.

Preciso, precioso, profético, persigna-se.

E parte.

Em perdidos páramos do planeta,

o poeta prepara-se também para partir,

pronto para perpassar

o (pen)último portal.

(Dedicado a todos os poetas e às poetisas do Recanto...)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 30/06/2008
Reeditado em 18/02/2012
Código do texto: T1058487
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