Série Personagem n.17  (Maria Quitéria)  Para todas as mulheres

ESTA MULHER GUERREIRA


Por entre as árvores do Arraial da Bahia,
tomei conta dos irmãos desde pequena,
já brincando de soldadinho - ai que cena!
...
-'Mulher não vai à Guerra', o pai dizia...
...
Cortei o cabelo e, de saiote à escocesa,
eu me transformei em Soldado Medeiros.
Muitas vezes, lutei contra os portugueses
pela Independência, em duras batalhas -
com bravura e disciplina. Era minha sina
chegar a Primeiro Cadete, e ser aclamada
pelo povo nas ruas. Sim, fui bem festejada.
...
Cedo eu ganhei a Imperial Ordem do Cruzeiro,

honra especial, das mãos nobres do Imperador.
Virando Alferes, recebi a minha bela Espada.*

Depois, eu casei com antigo e especial amor.
Mas, no fim,
cega...pobre, eu morri sem Glória...
...

Eu, Maria Quitéria, deixo-lhes a minha História,
para que não mais esqueçam, em boa memória:

Iletrada, era inteligente, bem educada, e gentil,
Pessoa leal e sincera - uma completa guerreira!
Sou agora a 'Patronesse do Exército do Brasil' -
e o espelho
emblemático da Mulher Brasileira!


Poema de Silvia Regina Costa Lima
30 de novembro de 2008




* Alferes
Do ár. al-fAris, 'cavaleiro', 'herói'.  Militar que detém esta posição hierárquica.



Considerada a Joana D'Arc brasileira, é a patronesse do Quadro Complementarde Oficiais do Exército Brasileiro.









PEQUENA BIOGRAFIA:


Maria Quitéria de Jesus (Feira de Santana, 27 de julho de 1792Salvador, 21 de agosto de 1853) foi uma militar brasileira, heroína da Guerra da Independência. Nasceu no sítio, no Arraial de São José, atual município de Feira de Santana - na Bahia,  filha primogênita dos brasileiros Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus.

Em 1803, aos onze anos de idade, perde a mãe, assumindo os afazeres domésticos e a criação de seus irmãos. Cinco meses após enviuvar, o pai casa-se com Eugênia Santos, que falece logo depois.  A família muda-se para uma fazenda, e Gonçalo casa-se pela 3* vez, tendo mais três filhos.

A nova madrasta discorda dos modos independentes de Maria Quitéria. Mesmo sem educação formal, uma vez que, à época, as escolas eram poucas e restritas aos grandes centros urbanos, ela aprende a montar, caçar e a usar armas de fogo, conhecimentos essenciais naquele periódo.Está noiva quando, em 1821  iniciam-se na Província da Bahia as agitações contra o domínio de Portugal.

A Câmara Municipal aclama D. Pedro como "Regente Perpétuo" do Brasil. Por essa razão, em julho, uma canhoneira portuguesa, fundeada na barra do
rio Paraguaçu, alvejou Cachoeira, reduto dos independistas

Fixa-se na vila o Conselho que defendia o movimento de independência, e emissários buscam em toda a Província em busca de voluntários para formar o Exército Libertador.

 
Gonçalo, viúvo, sem filho varão, se recusa a colaborar, mas para a sua surpresa, a filha pede-lhe autorização para se alistar. Mediante a negativa, foge e corta os cabelos. Vestindo-se como um homem, se alista sob o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia, onde fica até ser descoberta pelo pai, duas semanas mais tarde.

Defendida pelo Major José Antônio  é incorporada a esta tropa, por sua facilidade no manejo das armas e de sua reconhecida disciplina militar. Aqui, ao seu uniforme, foi acrescentado um saiote à
 
 
 
.

Segue com o seu Batalhão na defesa da ilha de Maré. Participa com bravura do combate da Pituba, atacando uma trincheira inimiga, fazendo prisioneiros portugueses que escolta, sozinha, ao acampamento.
No posto de Cadete, recebe, por ordem do Conselho da Província, uma espada e seus acessórios.

2 de julho de 1823, quando o "Exército Libertador" entra em triunfo em Salvador, Quitéria é saudada pela população em festa. O governo dá-lhe o direito de portar espada. Na condição de Cadete, enverga uniforme de cor azul, com saiote, além de capacete com penacho.

Por seus atos de bravura em combate, foi-lhe conferida as honras de 1º Cadete. No dia 20 de agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a
Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com seguinte pronunciamento:
"Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro"
Além da comenda, foi promovida a Alferes de Linha. Aproveita a ocasião para pedir ao Imperador uma carta para que o pai que a perdoasse. Perdoada, Maria casa-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, o antigo namorado, com quem tem a filha Luísa.

Viúva, muda-se para Feira de Santana tentando receber sua parte qna herança paterna Desiste do moroso inventário e muda-se com a filha para Salvador, onde veio a falecer aos 61 anos de idade, quase cega, no anonimato. Desconhece-se o local de seu túmulo.


Curiosidades:

A inglesa Maria Graham deixou registrado:
"Maria de Jesus é iletrada, mas viva. Tem inteligência clara e percepção aguda. Penso que, se a educassem, ela se tornaria uma personalidade notável. Nada se observa de masculino nos seus modos, antes os possui gentis e amáveis." (Journal of a voyage to Brazil)

Maria Quitéria é homenageada por uma medalha militar e por uma comenda com o seu nome, na Câmara Municipal de Salvador.
Tem um retrato de corpo inteiro, pintado por Domenico Failutti em 1920. Presenteado pela Câmara Municipal de Cachoeira, integra o acervo do Museu Paulista, em São Paulo. Sua imagem está em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares da Arma.



Textos retirados da net, coligados e muito editados - bastante refeitos por mim - que retirei, inclusive, quase todas as datas e nomes - por não ser aqui de nenhuma relevância
Silvia Regina

 
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 01/12/2008
Reeditado em 13/11/2016
Código do texto: T1313014
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