Pálida Cadente

Pálida Cadente

Oh, minha pálida cadente

Aonde estás tu agora?

Trazendo o balsamo dos dias

Enquanto desaguo em sangue...

O Ultra-Romântico está morto

Digerido e defecado, rasteja no esgoto

Correndo junto pelos trilhos do metrô

Onde há ladeiras cinzas e cansadas;

Oh, minha pálida cadente

Aonde estás tu agora?

Trazendo o balsamo dos dias

E o vinho da memória...

Todas minha rimas já foram vomitadas

Por bocas que engolem larvas e berne

Escondendo orgias nos sexos ambigüos

Dos arcos da Lapa e de Copacabana.

Oh, minha Pálida Cadente,

Aonde estás tu ao poente?

Que me deixas só em Porto

Banhando-me no triste rio...

Sem tu, anjo decaído

Memorial de mármore apodrecido

Eu não sou nada, e todo céu

É gris amarelado como tuas entranhas!

Estes olhos apreendidos por cata-ventos

Seguem rua atrás de lentes grossas, e

Não entendem os estilhaços que os cegam

Como a perfuração vaginal...

E tu, minha pálida cadente

Oh, Rainha das mil formas

Por que não me permites

Tatuar na tez teu o padecer?

R Duccini
Enviado por R Duccini em 14/02/2009
Reeditado em 18/04/2009
Código do texto: T1439156