Dor

Amo tudo que lembra dor. amo os gritos, as cóleras, os soluços de amor. amo o veneno que suicida os enamorados. amo o sereno que cobre a lua dos apaixonados... Amo o triste, o singelo e amargo apreço. Amo, até o medo que insiste, voltando a dor ao seu começo. Amo o gesto fúnebre, cansado, medonho. Amo o tom lúgubre, o fardo tão tristonho. Amo a escuridão. Amo o deleite que ela proporciona: a beleza da solidão. E solidão lembra dor. E tudo que a dor incita é o belo. Por isso amo a dor. O pensamento último, suicídio, sempre um elo. Um elo de vida e dor. Um elo de ternura e amor. Um elo de beleza e encanto. Há também singeleza no pranto. A lágrima salgada que escorre pela fronte. A água límpida que provém da fonte. Dor é também salvação. Choro é também mágoa florida. E a dor? Dor é solidão. Um pedaço desta vida.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 14/05/2009
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