GEOGRAFIA PICOENSE

Picos tem o cheiro de Rosa

Tem a Feira, no Mercado

Encravada bem no Centro da Cidade

Praças, pracinhas mal cuidadas

Com as árvores mesmas

Sob as quais brinquei

Passaredo, escadarias

Ladeiras, montarias

Violeiro e a violência pacata

Dos que nada tem

Exceto a revolução

Vindo do Norte

Fica após o abismo

Vindo do Nascente

Fica após o mar de cajueiros

Quatro pontes cruzam

O mesmo Guaribas vazio

Ruas estreitas

Que dão em becos

A Matriz, a Igrejinha

A urgência picoense

Por aquilo que não faremos

Que nem mesmo tentaremos

Nas Ipueiras é onde primeiro

Se esconde o sol

As calçadas altas

Da Getúlio Vargas

De Doutor Fonseca

Rua do Cantinho

Morro da Mariana

Os picoenses partilhamos

Duma audácia ordinária

De gigantes por crescerem

Audácia que ignora os urubus

Os esgotos a céu aberto

As favelas nos morros

Mirando os terrenos

Planos e vazios, sem utilidade

Não somos o Centro do Mundo

Somos os Picos

Aqui não passa um Velho Chico

Nem o trem passa

Os vôos que avistamos

Pousarão além

As terras são férteis

E se chovesse resolveriam

Nosso cinema

Virou igreja, delegacia, igreja novamente

Picos sem mártires,

Sem generais, sem bandoleiros

Sem os mares de algodoais

E o Guaribas senhor que não alcancei

Orgulho-me bem e muito

Da Matriz porém muito mais

Do nosso povo para o qual

Teresina é sinônimo de Hospital,

São Paulo,uma mentira

Nova Iorque, uma ilusão

Marconi Barros
Enviado por Marconi Barros em 21/10/2009
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