Abismo da criação

Sangra o silencio nas minhas feridas;

Doem-me as fibras do coração

Na gaiola do peito.

Vermes vencem a carne

Mas o silencio não cala meu espírito,

A lucidez estrangulada

Vibra no breu dos abismos.

Sorvo a lembrança de Lázaro

E minto palavras

Para o labirinto da angustia.

Rememorar a dor passada é reescrever um livro morto

Prostituir a página num suspiro,

Morrer no berço das recordações

É sentir o hálito frio

De fantasmas famintos de fé

E a mais impoluta ferrugem.

Símbolos na noite dizem que sofro

Mas apenas canto brasas no abismo

E informo ao mundo o inútil glorioso

De nossa criação...

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 21/01/2010
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